Ultimamente tenho estado meio nostálgico. Sabe quando você passa o dia lembrando-se de coisas que viveu há muito tempo? Pois é...
Desta vez foi as chiquititas, uma novela que foi sensação no Brasil lá pelos anos 90.
Era quase sagrado para qualquer criança e adolescente – seu público alvo – assistir o desenrolar da historia de um orfanato repleto de crianças dos mais diferentes tipos de personalidade tentando ser felizes, ser adotado, reencontrarem seus pais, e por tabela viverem grandes aventuras.
Eu tinha o meu preferido, o Mosca! Ele era um cara legal que defendia seus amigos até o fim. Tinha uma personalidade de líder, e até por isso arrancava suspiros de uma colega de orfanato chamada Cris. Mas ele gostava mesmo era de outra “amiguinha”, a Vivi que, diga-se de passagem, era a maior gatinha.
O Mosca tinha uma irmã, que como qualquer adolescente tinha suas crises. Numa dessas ela cantava uma musica – ahhh eles cantavam! High School Music não inventou a roda. Ela dizia que seu único desejo era ser igual a todos, e nada mais. Bem legítimo vindo de uma órfã.
A garota estava cansada de ser diferente por não ter os pais, ou qualquer família além do irmão.
Ser diferente, o anseio que nos atinge todos os dias – pelo menos aos artistas de qualquer estirpe – às vezes pode ser um terrível algoz. Queremos tanto construir uma história sensacionalmente nossa, que às vezes nos sentimos a sós, no alto de uma montanha gelada.
Quantos de nós nascemos com diferenças que nos fazem sofrer de algum modo?
Seja um superávit ou um déficit, ser diferente pode ser algo bem amargo em alguns dias da semana – sábado e domingo.
Quem nunca olhou para o mundo lá fora numa noite estrelada de sábado e quis ser só mais um na multidão de notívagos, sem identidade destacada, sem epígrafes brilhando em neon, que curte a “vibe” sem qualquer peso na consciência.
Mas a verdade aprendida às duras penas me ensinou que no interior da multidão de “livres, leves e soltos” que ferve por ai na madrugada, há gente igualzinha a irmã do Mosca. Gente que sofre por ser depreciada por quem não tem a menor capacidade de avaliar quem quer que seja.
Gente que canta tristezas quando deveria cantar alegrias, e a culpa não é delas, afinal, ninguém é super homem ou super mulher e todos temos nossas baixas.
A irmã do Mosca conseguiu superar suas magoas, e tornou-se um exemplo para todos.
Talvez seja essa a nossa sina: superar obstáculos, quebrar barreiras e tirar o fôlego da platéia que espera por um herói de suas almas mornas. Alma morna... Disso eu quero distância.
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