Páginas

O TWITER DE UM HOMEM

domingo, 17 de junho de 2012

UMA NOITE NO PAÍS DAS MARAVILHAS.


Em 1951 os estúdios de Wall Disney trouxeram ao mundo um de seus maiores clássicos.
Não sei se foi só a qualidade técnica da animação, o que era um avanço para época, ou se foi o roteiro extremamente maluco.
Se você já teve a chance de ver a ultima versão em que Johnny Depp atuou como o chapeleiro – ele só faz papel de maluco? – nem viu nem de longe o nível de esquisitice do desenho da década de 50.
Esse desenho era “Alice no país das maravilhas”, que contava a historia de Alice, uma menina que encontra um coelho de chapéu e com muita pressa correndo pelo jardim, gritando que estava atrasado. Como qualquer pessoa decente, Alice segue o coelho até um buraco de arvore, onde ao entrar, cai em um “mundo muito louco”.

E por falar em loucura, eu estava dando uma volta pela cidade, ali pela orla, quando vi uma parada com um brilho muito forte.
Morar em uma cidade à beira do rio tem suas particularidades:
Em vez de shopping centers, nos fim de semana vamos todos para a orla da cidade, curtir musica de barzinho, comer em algum bangalô ou só ficar de boréstia com a namorada, esposa, amigos, família ou cachorro – tem gente que faz isso. #poser*
Estava eu, dando uma volta na orla em um fim de tarde, quando vi algo diferente no farol municipal - Como temos uma forte movimentação de embarcações, mesmo durante a noite, fio construído um farol para auxiliar na navegação noturna.

Uma luz colorida, bem diferente da amarelada de sempre, me seduziu a aproximar-me. Quando cheguei à porta do farol fui sugado pela força sobrenatural da curiosidade, cai no buraco negro.
Depois de atravessar uma porta larga e bonita me deparei com seres totalmente diferentes do que costumo conviver na minha nada mole vida.
Eram um bichos de cor clara e todos muito cheirosos e cheios de pose. Fumavam cigarros de grife, que deve ser tipo comprar caixão caro: baboseira.
Eles nem me deram atenção, o que foi o suficiente para que cruzasse o salão principal rumo à outra porta, que assim como o farol, brilhava luzes coloridas em tons de vermelho – cabaret?*

Chegando na porta, o segurança me disse que ali era um atalho para a terceira porta e que dali em diante, só com autorização especial da dona do farol. Ele pediu que eu esperasse alguns minutos. Foram cinco minutos ate que o segurança voltou e liberou minha entrada rumo à uma longa escadaria que levava ao ponto mais alto do farol, onde a luz colorida brilhava com a intensidade de uma boate gay – sem ofensa.
A tal dona do farol, que me deixou entrar, estava no fundo de um longo salão, observando a distancia, o comportamento de todos os presentes.
Os bichos desse lugar eram hilários! Andavam de um lado por outro com baldes nas mãos, carregando gelo para amenizar a temperatura do lugar - #inferninho.
Eles tinha uma maquina que tocava musica, sempre o mesmo ritmo, só mudavam a letra.

E por falar em letra, quando a maquina começou a tocar, de novo, o mesmo ritmo. Um sujeito subiu e uma das mesas e começou a contar e cantar sobre sua aventura em uma “Fiorino”* que tinha de tudo no bagageiro... A galera pirou na historia!
Depois rolou uma vibe* “enfica”*  onde enfim...
Fiquei tão chocado com o que via que tirei meu celular do bolso e tentei encontrar minha localização no GPS. Bolo doido era o que o GPS dizia – agora fazia sentido o tiozinho tirando a camisa do meu lado.
De repente a dona do farol deu um comando à todos:
- Mãos pra cima... Cintura solta... Dá meia volta... Dança “kuduro” *.
Todos obedeceram com uma aparente alegria e descaramento como poucas vezes eu ví.

Nas duas horas seguintes fui encoxado*, apertado, arranhado, mordido e seduzido. Não que tenha me sentido completamente forçado a ceder a esses assédios, não foi isso. Eu achei foi graça. Foi como ver índios pela primeira vez, é chocante ver gente que vive nua o tempo todo, balançado as paradas – no caso dos homens.
Depois a gente entende que esse, de repente é o jeito deles de viver, mas eu prefiro ficar vestido, com minhas “coisas” seguras.
Acordei na minha cama, em um domingo de manhã sem saber como havia saído daquele lugar surreal. Mas honestamente, nunca mais dou moral pra luzes que brilham na orla desta cidade.
#traumamodeon.*


# - símbolo muito usado no twitter para avisar do que se trata o assunto em questão.
Exemplo: Beijo do gordo #josoares (estamos falando do Jô Soares)

*Poser - é um termo pejorativo, usado frequentemente nas subculturas punk, metal, gótico, entre outros, para descrever "uma pessoa que finge ser algo que ela não é".

*Cabaret - casa de diversões onde se bebe e dança e em geral se assiste espetáculos de variedades. (putaria)

*Fiorino – Um modelo de carro da Fiat, era a cara do velho Uno Mille.

*Vibe – Momento específico, sensação, impressão psicológica sobre algo ou alguma coisa.
Exemplo: Tô com uma vibe estranha na barriga (dor de barriga).

*Enfica – Musica de conteúdo sem vergonha, e que me recuso a explicar.

*Kuduro – Musica de abertura da novela das oito, que começa às nove...#poser

*Encoxado – situação em que alguem se aproveita de sua nobreza e lhe passa a mão descaradamente.

*Traumamodeon – quando usamos hashtag (pronuncia-se: reshhhtegiiiii) a frase que a acompanha deve vir sem espaços.
Exemplo: Traumamodeon ( quer dizer que o Trauma está ligado, como se tivesse botão de liga – on -  e desliga – off)
















0 comentários:

Postar um comentário